O Ligamento Cruzado Anterior, conhecido como LCA, é um dos principais ligamentos do joelho. Assim como os dois ligamentos colaterais e como o Ligamento Cruzado Posterior (LCP), o LCA é uma estrutura fundamental para a estabilidade do joelho.
O LCA fica dentro da articulação do joelho. Ele se origina na parte lateral do fêmur (côndilo femoral), segue numa trajetória inclinada, cruzando com o LCP (por isso o nome cruzado) e se insere na tíbia (próximo à espinha tibial).
Apesar de ser chamado de “O” LCA, no singular, ele é formado por duas porções distintas, a Banda Antero-Medial (AM) e a Banda Póstero-Lateral (PL), com funções um pouco diferentes, mas que atuam em sinergismo. O LCA tem aproximadamente 33mm de comprimento e 11m de diâmetro.
Qual a função do LCA? A principal função do LCA é impedir que a tíbia se desloque anteriormente em relação ao fêmur, ou seja, impede que a perna vá para frente em relação à coxa. O LCA também ajuda na estabilidade rotacional e angular.
Como ocorre a lesão do LCA? A ruptura do LCA está muito relacionada à prática esportiva. Geralmente, ele rompe quando acontece uma entorsedo joelho, principalmente nas atividades que exigem rotações e súbitas mudanças de direção do movimento, como no futebol. Além das atividades esportivas, a lesão do LCA pode ocorrer devido a entorses do joelho no ambiente doméstico ou profissional e como consequência de acidentes de trânsito.
Quem tem maior risco de lesionar o LCA? Sexo feminino e atividades esportivas que envolvam salto ou torção, como futebol, vôlei, basquete, tênis, esqui, lutas (como Judô e Jiu Jitsu ) e outros. Devido a características anatômicas e hormonais, mulheres que praticam o mesmo esporte de um homem possuem risco de 8 a 10 vezes maior de lesão.
Quais os sintomas? A dor e o inchaço no joelho são os principais. Muitas vezes, o paciente relata uma sensação em que ouviu um estalo e uma incapacidade de seguir jogando. Em muitos casos, ocorre o derrame articular (água no joelho). Esse derrame, quando muito intenso e doloroso, pode ser aspirado por um médico, num procedimento conhecido como artrocentese. Quando a lesão ocorreu há muito tempo, os pacientes reclamam muito de instabilidade, ou seja, a sensação de “falseio” ou do joelho “frouxo”.
Como é feito o diagnóstico?Só com a história clínica e o exame físico do paciente dá para se chegar a pelo menos 70% de diagnóstico. No entanto, a Ressonância Magnética tem um papel importante. Além de ajudar no planejamento cirúrgico, a ressonância ajuda a confirmar a lesão do LCA e ainda é capaz de auxiliar no diagnóstico de outras lesões associadas, como lesão dos meniscos. Idealmente, a ressonância deve ser evitada na primeira semana da lesão, pois, devido à inflamação, o exame fica com muitas interferências.
Como é feito o Tratamento? O tratamento da lesão do LCA é dividido em 2 fases: a FASE AGUDA e a ABORDAGEM DEFINITIVA.
A fase aguda corresponde ao período entre a segunda e a terceira semana após a lesão. O objetivo dessa fase é diminuir o inchaço e a dor, ou seja, “desinflamar” o joelho. A sigla PRICE orienta quais as principais medidas nessa fase:
- Proteção do joelho (geralmente com uso de muletas);
- Repouso;
- “Ice” (gelo, 20 minutos, a cada 2 horas);
- Compressão (uso de bandagens em torno do joelho) e;
- Elevação do membro.
Em muitos casos, o uso de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos é necessário. Nessa fase, a fisioterapia já é recomendada na maioria dos pacientes.
A abordagem definitiva da lesão do LCA mais recomendada é o tratamento cirúrgico, principalmente em pacientes jovens e ativos. Com exceção de algumas lesões parciais (lesões incompletas ou estiramento), o LCA não cicatriza bem. Outra característica importante é que o LCA também não responde bem ao reparo (sutura). Isto é, as cirurgias que apenas “costuram” o LCA tendem a não evoluírem bem.
Hoje o mais aceito é a reconstrução. Na reconstrução, é retirado um segmento de um tendão de outra parte do corpo. Esse segmento é conhecido como “enxerto”, sendo ele quem vai ficar no lugar do LCA rompido. O enxerto é fixado na tíbia e no fêmur, por meio do auxílio de alguns dispositivos, como parafusos de interferência e “bottons”. A cirurgia geralmente é feita por via artroscópica, na qual são utilizadas pequenas incisões (cortes) e a ajuda de uma câmera, técnica popularmente conhecida como “cirurgia a laser”.
Esse enxerto que é retirado para reconstruir o LCA pode fazer falta? Os principais enxertos utilizados na reconstrução do LCA são:
- Os Tendões dos Flexores, localizados na parte posterior da coxa;
- O Ligamento patelar, localizado na frente do joelho e abaixo da patela;
- O Tendão Quadriciptal, localizado na frente do joelho e acima da patela;
- e a doação de cadáver (não muito utilizado no Brasil).
Cada enxerto tem sua vantagem e desvantagem, por exemplo, o fato de o Patelar ser mais indicado para atletas de alto rendimento e o de Flexores dar menos dor anterior no joelho. A escolha do enxerto é individualizada de acordo com o paciente. Todavia, o que vale destacar é que a retirada do enxerto não prejudica o local de onde ele foi retirado. Nas primeiras semanas, pode até ser perceptível, como uma leve diminuição da força ou a formação de um hematoma, mas, no decorrer da reabilitação, o paciente se recupera normalmente.
Rompi o LCA ontem, posso operar amanhã? A melhor época para a cirurgia é após a fase aguda, ou seja, em torno de 3 semanas. Após esse período, o joelho já está bem menos inchado e tem uma melhora boa na inflamação. Além disso, a cirurgia muito precoce aumenta a chance de evoluir com artrofibrose (joelho “duro”).
Caso eu não queira operar, quais as possíveis complicações? De forma geral, a cirurgia é indicada principalmente em 2 situações: pacientes com instabilidade, ou seja, sensação de falseio; e paciente que pretende realizar atividade esportiva ou recreacional que exige muito do joelho, como o futebol.
As consequências a longo prazo da lesão do LCA ainda são um pouco controversas, contudo uma lesão não operada tem chance de evoluir para Osteoartrite (desgaste da articulação, popularmente conhecido como artrose) e lesões no menisco, principalmente em pacientes mais jovens.
Após a cirurgia, em quanto tempo retorno às minhas atividades? Logo após a cirurgia, o paciente já inicia a reabilitação fisioterápica. Quanto mais rápido o paciente recuperar a força e o controle muscular, assim como a amplitude de movimento, mais rápido ocorre o retorno ao esporte. Em média (alguns pacientes demoram mais), na segunda semana de cirurgia, o paciente já é capazapoiar o membro operado no chão (conforme tolerado); com 3 meses, realiza caminhadas mais longas; com 4 meses, já é possível a corrida em linha reta; e o retorno às atividades esportivas com 6 meses.
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Dr. Diego Ariel
Ola Maria das Graças
Se você não esta sentindo dor e nem sentindo que a articulação esta instável não há contraindicação, mas cuidado, pois uma pisada em falso pode botar a perder o processo cirúrgico.